Mercado Cripto em Queda: Bitcoin Testa Suportes Críticos Enquanto Liquidações Atingem US$ 576 Milhões

Mercado de Criptomoedas Enfrenta Pressão Vendedora Generalizada

O mercado de criptomoedas registrou uma queda significativa nas últimas 24 horas, com o Bitcoin recuando aproximadamente 4% e o Ethereum caindo mais de 6,5%. A capitalização total do mercado cripto voltou a testar e caiu abaixo do patamar de US$ 3 trilhões, refletindo uma perda generalizada de sentimento entre investidores e desencadeando liquidações em massa nas principais plataformas de negociação.

Segundo dados de exchanges especializadas, mais de US$ 576 milhões em posições alavancadas foram liquidadas nas últimas 24 horas, com Bitcoin e Ethereum respondendo pela maior parte das perdas. Este cenário evidencia a fragilidade do mercado diante de pressões macroeconômicas e incertezas globais que continuam afetando o apetite por risco dos investidores.

Bitcoin Próximo a Nível Técnico Crítico

O Bitcoin negocia atualmente próximo à média móvel simples de 100 semanas, um nível técnico considerado crucial por analistas. Este suporte atua como uma “rede de segurança” para investidores altistas e está sendo monitorado de perto pelo mercado.

Analistas apontam possíveis testes de suporte na região de US$ 78 mil, enquanto níveis imediatos de resistência variam entre US$ 85.200 e US$ 86 mil. A ruptura sustentada desses patamares poderia intensificar a aversão ao risco e prolongar a queda conforme investidores continuem reduzindo alavancagem.

O contexto técnico é agravado por fatores macroeconômicos externos, incluindo dados de emprego nos EUA que reduziram expectativas de cortes de juros do Federal Reserve em janeiro, reforçando o dólar e afetando fluxos para mercados emergentes e ativos de risco como criptomoedas.

Contexto Macroeconômico Global Pressiona Mercados

A queda no mercado cripto não ocorre isoladamente. Os mercados financeiros globais enfrentam forte volatilidade, com bolsas de valores em queda e aversão generalizada ao risco. No Brasil, o Ibovespa caiu 2,40% e fechou abaixo de 160 mil pontos, enquanto o dólar subiu para R$ 5,4624.

O payroll de novembro nos EUA mostrou criação de 64 mil vagas, acima do esperado, o que reduziu a probabilidade de cortes de juros do Fed em janeiro. Este cenário reforçou o dólar e afastou investidores de ativos de risco, incluindo criptomoedas.

Adicionalmente, o Banco Central do Brasil mantém postura cautelosa sobre redução de juros, e a ata do Copom não deu sinais claros de cortes iminentes, o que pesou sobre ações e aproximou investidores da renda fixa em busca de segurança.

Geopolítica e Energia: Fatores Estruturais de 2025

O ano de 2025 foi marcado por alterações estruturais significativas na economia global. O aumento de tarifas comerciais, juros mais altos em várias economias e a reconfiguração de cadeias globais ampliaram a incerteza e afetaram consumo e comércio internacional.

A nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, anunciada em dezembro, prioriza interesse nacional e relações bilaterais sobre arranjos multilaterais, com ênfase em reindustrialização e segurança de recursos estratégicos. Esta mudança de postura tem implicações diretas para cadeias de valor globais e fluxos de investimento.

Os preços do petróleo recuaram e atingiram mínimas de vários meses em meio a expectativas de avanço nas negociações entre Rússia e Ucrânia, reduzindo o prêmio de risco geopolítico. Qualquer acordo ou tensão envolvendo estes atores terá impacto direto nos preços de energia e na segurança energética global.

Regulação de Criptomoedas: Mudanças na Administração Trump

Em desenvolvimento positivo para o setor cripto, a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) adotou uma abordagem menos agressiva na fiscalização de criptomoedas em 2025. Sob a liderança de Paul Atkins, indicado por Trump e favorável ao setor, a SEC aprovou produtos como o Bitwise 10 Crypto Index Fund, o segundo ETP de índice cripto dos EUA.

Senadores dos EUA introduziram a Lei SAFE, que visa criar um grupo de trabalho com Tesouro, FBI e setor privado para combater fraudes em criptomoedas, após perdas de US$ 9,3 bilhões em 2024. O projeto de Lei de Estrutura de Mercado Cripto foi adiado para 2026, frustrando parte da indústria que esperava avanços regulatórios mais substanciais.

Discussões sobre o Bitcoin Act visam compra governamental de BTC, refletindo uma mudança de postura em relação às criptomoedas. No entanto, estes avanços dependem de aprovações no Senado e Câmara, e persistem tensões sobre privacidade e fraudes.

O Que Monitorar nas Próximas Semanas

Investidores e analistas devem acompanhar de perto os seguintes indicadores:

• Relatórios de emprego e inflação nos EUA: Afetam diretamente a janela de cortes do Fed e influenciam o dólar e fluxos para mercados emergentes.
• Comunicações do Banco Central do Brasil: Sinais sobre a Selic e cronograma de cortes impactam ações e câmbio.
• Negociações Rússia-Ucrânia: Qualquer desenvolvimento afeta preços de energia e mercados de commodities.
• Níveis técnicos do Bitcoin: Ruptura de suportes em US$ 85.200 ou US$ 78 mil pode intensificar quedas.
• Aprovações legislativas: Avanços na Lei SAFE e Lei de Estrutura de Mercado Cripto podem impulsionar o setor.

Conclusão

O mercado de criptomoedas enfrenta um período desafiador, com pressões técnicas, macroeconômicas e geopolíticas convergindo para criar um ambiente de alta volatilidade. Enquanto a regulação nos EUA se torna mais favorável ao setor, fatores externos como juros elevados, fortalecimento do dólar e incertezas globais continuam pesando sobre os preços.

Investidores devem manter vigilância sobre os níveis técnicos críticos do Bitcoin e acompanhar de perto os desenvolvimentos macroeconômicos e regulatórios que podem definir a trajetória do mercado cripto nos próximos meses.