De dois ou três anos para cá, o set das academias de ginástica está mudando: as esteiras e bicicletas para cárdio vêm cedendo espaço para os aparelhos de musculDe dois ou três anos para cá, o set das academias de ginástica está mudando: as esteiras e bicicletas para cárdio vêm cedendo espaço para os aparelhos de muscul

O ‘pacote Ozempic’: as ações que crescem quando você emagrece

2025/12/19 17:50

De dois ou três anos para cá, o set das academias de ginástica está mudando: as esteiras e bicicletas para cárdio vêm cedendo espaço para os aparelhos de musculação.

É o efeito Ozempic.

“Antes, basicamente metade das pessoas ia para a academia para emagrecer, e a outra metade queria ganhar músculo. Agora, a maior parte, mais de 75%, quer ganhar músculo,” Diogo Corona, o COO da Smartfit, disse ao Brazil Journal

A procura pelas academias vem crescendo, uma tendência observada antes da pandemia e que se renovou depois dela. Mas o que move os usuários tem sido principalmente a busca pelo bem-estar e por músculos – principalmente por conta dos medicamentos GLP-1 – Ozempic, Wegovy e Mounjaro – que fazem as pessoas eliminar gordura mas exigem musculação para não se perder massa magra. 

“Quando esses medicamentos surgiram, o pensamento era de que eles iriam tirar alunos da academia, mas não é o que estamos observando em outros países, onde o uso do GLP-1 é mais disseminado”, disse Diogo. “As pessoas emagrecem com o remédio e vão para a academia para ganhar músculo, ou porque não se sentem mais intimidadas. A academia é um local de culto ao corpo. As pessoas costumam dizer: ‘preciso emagrecer primeiro para depois ir para a academia’.” 

Academias dos EUA e do Reino Unido já estão oferecendo matrículas incluindo GLP-1, com o objetivo de integrar a experiência do usuário, para que ele não tenha que buscar separadamente um médico, um nutricionista, um treino e um local para fazer seus exames.

“Na Smartfit, estamos colocando balanças de bioimpedância em todas as unidades,” disse Diogo. Segundo ele, o impacto do GLP-1 já chegou ao Brasil, mas ainda não é sentido em outros países em que a Smartfit atua, como Peru e México. “Essas ondas tem timing diferentes nos países.” 

As canetas emagrecedoras também estão virando tese de investimento na Bolsa – e já são um hot topic para analistas e investidores. 

O assunto dominou as conversas numa conferência recente do JP Morgan, levando a área de sales do banco a falar num “pacote Ozempic” de ações que tendem a se beneficiar da tendência: RD Saúde, Pague Menos, Smartfit, Grupo SBF (Centauro) e Track&Field.

“Esse assunto surgiu em 9 a cada 10 rodas de conversa. Para o curto/médio prazo, o play óbvio é RD Saúde,” um sales do banco disse numa mensagem a clientes. 

O uso desses medicamentos deve aumentar no Brasil a partir de 2026, já que em março expira a patente do Ozempic e opções mais baratas devem chegar ao mercado.

A Anvisa trabalha na aprovação de 20 novas canetas de semaglutida e liraglutida, os princípios ativos desses medicamentos.  

O BTG Pactual estima que o mercado de GLP-1 no Brasil vai de R$ 7 bi em vendas este ano para R$ 10 bilhões em 2026. 

“A relevância do GLP-1 nos resultados das drogarias já era relevante e ficou ainda mais a partir da entrada do Mounjaro este ano,” disse Luiz Guanais, o analista de varejo e consumo do banco. “O crescimento das receitas dessas empresas deve continuar ano que vem, porque a entrada do genérico deve trazer um aumento de volumes maior do que a queda de preço.” 

Se o impacto em farmacêuticas e drogarias já aparece, há poucos dados sobre outros setores. 

“Não temos dados para ver se as pessoas estão indo mais para a academia, comprando roupas esportivas ou alimentos mais saudáveis por conta desses remédios,” disse Guanais. “As empresas brasileiras ainda estão tentando entender o tamanho do movimento e quais os efeitos colaterais. Se de fato veremos hábitos mais saudáveis ou se será um efeito temporário. Talvez ainda demore um ou dois anos.” 

Nos EUA, as empresas têm sido mais vocais sobre o assunto. Em seus resultados mais recentes, o Wal-Mart atribuiu ao GLP-1 seus volumes de venda pressionados, e também reportou um aumento na venda de alimentos mais saudáveis.

Gilberto Tomazoni, o CEO da JBS, disse que há um aumento na demanda por proteína por conta do padrão nutritivo exigido pelas drogas GLP-1.

“É um fenômeno que está acontecendo em todos os mercados em que atuamos, e é uma mudança de padrão de consumo,” Tomazoni disse numa teleconferência de resultados. “Isso tem levado a uma demanda global de consumo de proteína. Não é uma proteína ou outra, são todas as proteínas.”

Segundo um gestor, empresas como Ambev, McDonald’s, Burger King e M. Dias Branco – que vende biscoitos – devem sofrer mais quando os genéricos ampliarem o acesso da população. “Enquanto custa R$ 1 mil não impacta tanto. A dúvida é quanto tempo levará para chegar na classe média.” 

O CEO do Assaí, Belmiro Gomes, disse recentemente que o álcool “é uma categoria que vem caindo, e o avanço das canetas emagrecedoras, na nossa visão, vai provocar ainda mais queda nessa categoria”.

Outro gestor acredita ser arriscado atrelar uma tese de negócio ou investimento ao comportamento de uma pessoa que quer ou precisa emagrecer. “Acredito que o que vai continuar vendendo, mesmo, é o remédio, que mantém a pessoa mais magra.”

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