“Eu venci Alexandre de Moraes”, diz Oswaldo Eustáquio

O jornalista Oswaldo Eustáquio, 47 anos, disse ao Poder360 que o fato de a Espanha –país onde vive– ter rejeitado de forma definitiva a sua extradição, pedida pelo governo brasileiro, representa uma “vitória” pessoal sobre o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

“Eu venci o Alexandre de Moraes, tenho autoridade para falar sobre isso. Eu venci no tribunal aqui da Espanha. O impeachment de Alexandre de Moraes é necessário para restabelecer de novo a paz do Brasil“, disse Eustáquio ao Poder360.

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Eustáquio tem mandado de prisão em aberto no Brasil desde 2020 e deixou o país durante investigações que apuram a suspeita de que ele teria atuado para impulsionar críticas contra o STF e o Congresso por meio das redes sociais.

Como na decisão da Espanha é citado que seu pedido de extradição tinha “motivação política“, Eustáquio diz que o entendimento representa um marco jurídico ao classificar como liberdade de expressão atos que, segundo ele, são tratados como crimes políticos no Brasil.

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“Aquilo que o Brasil considera crime —o mesmo crime pelo qual Bolsonaro está preso hoje, que é atentado violento ao Estado democrático do direito— um colegiado de juízes da mais alta corte diz: Aqui na Espanha é considerado liberdade de expressão“, comparou.

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O jornalista é acusado por ameaça, corrupção de menores e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Em 8 de janeiro de 2023, quando um grupo de extremistas invadiu as sedes dos Três Poderes, ele não estava no Brasil.

Eustáquio tem 2 mandados de prisão preventiva emitidos por Alexandre de Moraes. Em outubro de 2024, o ministro solicitou a extradição.

Por causa do pedido do ministro do STF, Oswaldo Eustáquio diz viver em exílio político desde que deixou o Brasil. Passou por México, Costa Rica, Panamá, Paraguai e Argentina até se estabelecer na Espanha.

Sobre o 8 de Janeiro, Eustáquio afirma que não estava no Brasil no dia da invasão das sedes dos Três Poderes. Segundo ele, desde 12 de dezembro de 2022 estava em Assunção, no Paraguai. Ele nega ter incentivado os atos e diz que foi contrário às mobilizações que culminaram na invasão.

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FUGA E FAMÍLIA

Pouco antes de sair do país, Eustáquio teve problemas de saúde e ficou em cadeira de rodas por algum tempo. Ele diz que teve luxação e o que descreve como rompimentos nas 5ª e 6ª vértebra. Fez fisioterapia e se diz “95%” curado.

Eustáquio diz que sua ex-mulher, Sandra Terena, mãe de seus 3 filhos (todos no Brasil), pediu o divórcio depois das operações da Polícia Federal que culminaram da sua saída do país.

As redes sociais de uma filha de Eustáquio foram bloqueadas e ele foi acusado de corrupção de menores por supostamente influenciá-la em publicações sobre política.

Hoje, na Espanha, ele namora uma peruana chamada Nataly Cuba (foto abaixo). Ele diz que tem duas entradas de receita. Escreve livros digitais e diz já ter vendido quase 10.000 cópias. Afirma que também recebe contribuições de apoiadores.

STF e outro lado

O Poder360 procurou a assessoria de imprensa do STF antes de publicar essa reportagem para saber se gostariam de se manifestar sobre as falas. Não houve resposta até a publicação. O espaço continua aberto.

Leia trechos da entrevista de Oswaldo Eustáquio

• Manifestações contra Lula – “Eu dizia assim: ‘Vamos fazer o quê lá no Rio de Janeiro? Já tem esse presidente eleito aí, que a gente não gosta, mas fazer o quê?’. Agora vamos esperar e vamos ganhar a eleição de novo“;
• 8 de janeiro – “Alguns dos patriotas inflamados quebraram uma coisa aqui, pintaram a estátua de Batman. Claro que fizeram. E aqueles que quebraram, que pintaram a estátua, na minha opinião, tinham que ser punidos. Tem multa, cesta básica, o que é digno de pintar uma estátua, de quebrar alguma coisa do patrimônio público. Agora, chamar esse povo de golpista, com a Bíblia na mão, um golpe que não tinha uma arma, uma faca, é uma grande fraude“;

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• Histeria coletiva – “As pessoas não estavam indo para lá [no 8 de Janeiro] para tomar o poder, não estavam lá para eleição do presidente da República, não estavam lá por Bolsonaro, elas estavam lá simplesmente por uma histeria coletiva”;
• Impeachment no STF – “O [ministro Cristiano] Zanin não faz nenhum sentido aqui na Espanha. Sempre me questionam: ‘Espera aí, o advogado que tirou o Lula da cadeia agora é o ministro STF?’ Ninguém entende como isso pode acontecer aqui na Espanha. Para mim, precisava do impeachment de alguns ministros do STF”;

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• Lulinha – “Olha como o destino é irônico, né? E a verdade liberta. Eu tô aqui em Madri livre e com asilo político, com proteção internacional porque não roubei, porque não matei, porque não violei. E o filho do Lula, Lulinha, tá aqui em Madrid, na mesma cidade que eu. E tá aparecendo nesses escândalos. Que ironia!”.
• Flávio Bolsonaro – “Flávio Bolsonaro é o melhor candidato que nós temos hoje na direita, para mim, porque ele é o nosso capitão em uma versão mais jovem, 5.0.”

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• Alexandre de Moraes – “O ministro Alexandre de Moraes só não me condenou porque não tem como me condenar. Eu só não sou condenado hoje no Brasil porque a PGR [Procuradoria-Geral da União] não consegue nem me denunciar”.

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• Criação – “Meu pai cantava canções do Exército para mim. Meu pai foi do CCC (Comando de Caça aos Comunistas)”.

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