Por que este acionista da Itaúsa fez uma oferta pela Neogrid

O Grupo Hindiana, a holding de investimentos de Alfredo Villela Filho – membro de uma das famílias controladoras do Itaú e um diretor vice-presidente da Itaúsa – fez uma oferta para comprar o controle da Neogrid. 

A oferta – de R$ 29 por ação, um prêmio de cerca de 10% em relação ao fechamento de sexta – busca tirar a companhia da Bolsa cinco anos depois de seu IPO e num momento em que a ação negocia perto da mínima histórica. 

O papel sobe cerca de 5% com a notícia no início da tarde. 

A Neogrid – que vende softwares para o supply chain, atendendo varejistas e indústrias – hoje vale pouco mais de R$ 250 milhões na Bolsa, muito longe de seu high. Para se ter uma ideia, no IPO, em dezembro de 2020, a companhia captou R$ 485 milhões, quase 2x seu market cap atual. 

O Grupo Hindiana já fez mais de 30 investimentos desde que foi fundado há 20 anos – e fez uma saída em 20% deles. Hoje a holding tem participação em companhias como a CERC, Blu Pagamentos, Nstech, Napp Solutions, Yandeh e Alpe. 

A Hindiana disse que “após analisar criteriosamente os negócios da Neogrid e sua relevância no mercado de softwares para cadeias de abastecimento, entendemos que o portfólio de produtos é complementar aos serviços e produtos oferecidos por nossas investidas.”

A transação já nasce aprovada, já que tem o apoio do acionista controlador da Neogrid, a família Abuhab, que tem mais de 50% do capital da companhia. 

Como parte da transação, alguns membros da família Abuhab se comprometeram a vender suas ações de forma que o Grupo Hindiana atinja o montante mínimo para viabilizar a OPA e tirar a empresa da Bolsa.  

O Grupo Hindiana e a família Abuhad também já assinaram um acordo de acionistas.

O fundador da Neogrid, Miguel Abuhad – que também fundou a Datasul e a vendeu para a Totvs em 2008 – vai continuar na empresa como executive chairman e liderando o comitê de inovação. O CEO Nicolas Simone e todo o C-Level também continuarão na companhia. 

Outro acionista relevante da Neogrid é a L4, o fundo de venture capital da B3, que ainda não se posicionou sobre a transação. 

Fundada há 26 anos, a Neogrid hoje comercializa quatro soluções de software. A primeira faz a conexão do varejo e indústria do ponto de vista transacional, fazendo a gestão dos envios dos pedidos de compra e de todo o processo de abastecimento.

A segunda ajuda no planejamento do abastecimento das lojas, com uma ferramenta de predição de demanda que mostra quanto cada loja tem que comprar por dia. 

A terceira é um software de gestão das promoções e precificação do varejo. Por fim, há a inteligência comercial, voltada para a indústria e que agrega várias soluções da Neogrid para dar dados e insights aos clientes. 

A Neogrid faturou R$ 205 milhões nos nove primeiros meses do ano, uma pequena alta na comparação anual, e fez um EBITDA de R$ 18 milhões. 

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